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Mostrando postagens de agosto, 2015

Volta,

Volta para a nossa casa, as gatas deram cria e estão com fome, esperando você colocar a comida. Miam alto, mas eu não escuto. Volta, pois o cachorro começou a estranhar as pessoas nas esquinas, ele que sempre tem os olhos tão dóceis como os seus. Volta, pois nossas cadeiras estão sem ver a rua, sem o balanço diário que nós impomos a elas. Volta, porque nossa casa é grande e, sem seus passos ecoando devagar no meio dela, fica tudo tão vazio. Volta, pois esse piso antigo ainda quer ver os passos dos nossos bisnetos, e eles querem correr no quintal e subir no pé de siriguela, mas isso nunca vai ser a mesma coisa se não for com você a explicar sobre tudo. Volta, para então eu cantar uma música antiga que eu compus, enquanto você assiste ao Jornal Nacional, para eu ouvir teu resmungo e baixar meu tom. Para que eu ronque alto ao teu lado, até você me cutucar, porque eu acabei te acordando com meu desmantelo. Volta para nossa mesa. Em tua cadeira mais baixa, porque você é mais alto, só cabe