Eu nem te conhecia.
Eu gostava do cheiro do teu pescoço, do teu beijo vagaroso, do teu corte de cabelo, do teu calção frouxo, da tua insônia, mas eu nem te conhecia. Eu gostava das tuas poucas palavras, da tua falta de vontade de me dar satisfação ou de me explicar o que fazia, do teu olhar que eu não entendia, mas eu nem te conhecia. Eu gostava de te ensinar a virar o shot de fogo, de aprender a jogar sinuca, de cantar umas músicas meio envergonhada, de ver o sol nascer do teu lado, no escuro, mas eu nem te conhecia. Eu gostava da mesma banda que você, de como a gente gostava de qualquer coisa, sem reclamar de falta de atenção, mas expondo, às vezes, uma saudade, mas eu nem te conhecia. Eu gostava de não saber de nada de você, mas eu gostava de contar que meu primeiro porre foi aos quatorze anos, e que eu ainda dormia com minha mãe na mesma cama, e gostava que você, só calado, só me ouvia, mas eu nem te conhecia. Eu gostava que eu pensava em você a todo instante do meu dia, olhava as redes sociais com u