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Mostrando postagens de abril, 2011

falta.

Sinto falta mesmo, não nego. Falta precipitada, pode até ser, mas não injustificada. Sinto falta porque hoje me faz falta o que um dia me fez bem. E tudo que me faz bem eu quero ter perto de mim e, diante da impossibilidade, quer seja física, mental, volitiva, eu vou, pois, ficar sentindo a falta.

a verdade.

O problema é que as pessoas acham que a verdade machuca. A verdade é que a verdade machuca mesmo. Mas a mentira dói. A verdade rasga a pele, a mentira dilacera, fere até o osso, é muito mais amarga, impiedosa, traiçoeira, vil, covarde, violenta... A verdade, quando te atinge, te faz sofrer, mas depois vai amenizando a dor, como se fosse passando uma pomada por cima. A mentira não, ela não faz uso de pomada, parece que vai é dilacerando mais e mais a carne. Porque a verdade, com o tempo, vai amenizando as coisas, vai te fazendo ver como foi muito melhor que ela se revelasse ou que fosse revelada, mas a mentira, mesmo que seja revelada, te faz um mal danado, te faz querer que ela continue sendo mentira, quando já se tornou verdade. E essa transformação de mentira em verdade é que mais te faz mal, é quando você assume que sabe que era tudo mentira e que é verdade que era mentira. E qual a lógica disso? É que, afinal, a verdade deve ser dita, porque ela machuca, mas é digna, ela não é boa,

As coisas ainda podem ser boas.

Então, eu comecei da mesma forma que antes, mas deveria começar de outro jeito. Devia dizer aquilo que mudou e o que achei dessa mudança, se queria que assim fosse ou se queria que fosse mesmo daquele outro jeito. Aí vi que as coisas acontecem e que não se tem o destino nas mãos como aquelas ciganas de meio de rua. Vi que o que quer que eu diga não vai fazer com que tudo seja como eu quero e que, como disseste, eu penso demais. E, de vez em quando, eu preciso pensar menos e aceitar mais que nem tudo seja como deve ser, aliás, como eu acho que deve ser. Se o que se busca é realização, liberdade, carinho, amor, que essa busca não seja reprimida. Mas, se o caminho é tortuoso e cheio de pedras e não há um chinelo para calçar, não é de se ter que pensar mesmo se deve ser seguido? E também acho inutilidade pensar e agir de forma contrária, mas o que é que eu posso fazer com pensamentos persistentes, se eles ficam aqui rondando, farejando a mínima manifestação de medo e arrependimento que pos

Então.

Bom, então eu comecei a sentir falta dos seus braços e das suas pernas. Tão educados e comportados. E das suas mãos. Tão carinhosas.   E da sua respiração falha e sonolenta. E da sua preocupação e da sua sinceridade. Eu senti falta da sua voz e da sua risada. E dos seus planos para o futuro. E do quanto você, mesmo sem me conhecer, confia tanto em mim. Até mais que eu.   E do quanto você queria fazer com que eu me sentisse bem e do quanto você conseguiu isso. Tanto que eu sinto falta agora. Tanto que eu penso em você agora. E queria você agora. Nem que fosse só pra nós cantarmos uma música juntos. Ou rirmos da besteira alheia. Tanto que eu fiquei assim, com saudade dessas coisas.

Flor.

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Oh, querida, se tu fores viver de se culpar e de lamentar o que poderia ter acontecido, mas não aconteceu, vais, pensando que vida só seria aquela com a qual sonhara, acabar não vivendo. Então, minha flor, pare de se culpar e de querer achar motivos para as coisas que te acontecem. Abra-se para as abelhas, vire-se para o sol e exale todo o perfume que há em ti. Não fiques assim murcha porque não te regaram, mas tira força da terra em que tu vives e resplandeça sozinha, pois existem esses outros meios de se viver e tu, que achas que só há um e só quer este tão sonhado, vai, um dia, notar que a vida te dará outros tão melhores e vais rir do quanto te enganou e do quanto achou que não voltarias a ser colorida, mas é neste dia que tu mais estarás cheia de vida e que tu mais encantarás aos outros, que mais vão querer colocar água em ti e, mesmo que assim não seja, haverá sempre a chuva para te molhar e te fazer nova e cheia de esperança, essa que é verde tal qual tuas lindas folhas. Assim s

ai, que essa hipocrisia me deu sono.

Ai, que esse nariz de batata falando, falando : - O Direito é convívio. Fulano de tal, desembargador não sei das quantas me disse... Ele paga não sei quanto pra não sei quem.  Que meio corrupto!  Que o Direito... Ai, que essa baforada encheu meu pulmão de nicotina. Que eu até fechei os olhos pra não sentir o cheiro. Como se fechar os olhos fosse tapar o nariz também. - Que eu disse pro Batatinha que fosse atrás de fulano de tal, porque no Direito você tem que conviver com esse povo. E ele não foi... Tá aí... Se você precisar falar com a Dona Maria, do Tribunal tal, me diga, que ela é minha grande amiga! E tal e tal... Ai, que eu até senti o gosto do álcool agora. Esse gosto de palavras repetidas e insuportáveis. Ai, que eu queria bater essa porta agora. - Só mais essa dose... e nós vamos embora. Você conhece a fulana Juíza de não sei o que..? E o tal que paga um uísque de não sei quanto pra não sei quem no bar não sei qual? Ele que disse que o Direito é convivência. Eu falei pro m

Leite derramado.

- Flor, não adianta chorar por leite derramado. - E o que é que adianta, então? - Cuidar para que ele não derrame. - Mas, se eu ficar o caminho inteiro preocupada com esse balde de leite, mamãe, que você tanto mandou que eu trouxesse bem cheio, que era para fazer um bolo, eu teria que olhar só pro balde... E eu queria brincar com os coelhinhos, com os pássaros que ficam cantando para mim, queria me divertir também. - Tudo bem, querida, você é só uma criança. E leite a gente compra em qualquer esquina. Mas aprenda para toda a sua vida : depois que você se descuidou do leite e deixou que ele derramasse, não chore o dia inteiro, até porque, enquanto você chora, poderia já ter ido lá e pegado mais, e eu já teria acabado com isso. - Vou lá de novo. Desculpe, mãezinha. Dessa vez, Maria cuidou do leite, e o balde chegou cheio em casa. Até porque a diversão do caminho já tinha perdido a graça. - Mas, mamãe, - disse ela com a boca cheia de bolo, - eu não entendi porque vou ter que cuidar para