Luz dos Olhos.
Os olhos fecharam num segundo, lentamente. Nem deu tempo rever a vida, arrepender-se. Não deu para sorrir, lembrar-se. Nem dizer tchau ou adeus, agradecer. Nem ouvir que faria falta, orgulhar-se. A sede de viver matou a própria vida. Numa discrepância tênue e absurda. Um ultraje ao desejo de viver, uma afronta à ânsia dos que vivem. Brincadeira do destino, pegadinha da Senhora Morte, esta que, ávida, deselegante, imperiosa e inescrupulosa, só sabe fazer piada sem graça. As cores foram-se embora, veio o preto mascarando as faces, sombreando a vista, iludindo a Vida. Teimara, tal Senhora, enaltecera seu significado, lutara para se manter. Fora forte, brava, sensata. Sensatez não era a palavra do dia. Ou sentido. Ou razão. Porque assim quero, ordenou a outra, e arrastou o manto negro, sem dar explicações, por cima da pele já sem cor, dos olhos já sem brilho. Mal sabe ela, entretanto, que, pode ter tirado a cor daquele olhar, mas que nunca vai poder apagá-lo dos olhos que o viram. A me