Jantar.
Ontem eu me lembrei de nós dois. Por um instante, passando na Avenida, no meio dos carros. E lembrei. Vi nosso restaurante, que visitamos certa vez. Destruído, assim como o que havia entre nós. As paredes derrubadas, os portões fechados e enferrujados, as janelas com trancas de madeira formando um ‘’x’’, os escombros, restos do que um dia ele foi. Lembrei-me de você na penumbra, das taças de vinho, das minhas mãos tremendo embaixo das suas... dos seus olhos que pareciam incapazes de dizer mentiras. Lembrei-me do meu amor. Que era bonito como aquele lugar em que jantamos juntos, cheio de corações pintados na parede, e o meu junto com eles, mas numa exposição que era só sua. Lembrei-me do quanto eu ansiava que tudo desse certo, da esperança que eu mantinha guardada no peito, do brilho que eu irradiava, da minha alegria. Ontem, em frente àquele lugar, lembrei-me de como fora perfeito para nós dois, hoje, dele, só ficaram restos, que ocupam um lugar à espera de serem retirados, para que