Quando eu chegava
Quando eu chegava, era a primeira cara que eu via ao pé da porta do ônibus. Sempre à frente. À frente até dos taxistas, que queriam primeiro o cliente. Chegava a atrapalhar a saída das pessoas. Um abraço e a frase Oi, minha filha! E o sorriso mais lindo do mundo que eu já vi até hoje. Até porque sorriso sincero não tem igual. Tomara que o José tenha esse sorriso. A camisa aberta, o boné e a chinela. Depois me ajudava a pegar a mala no bagageiro, mas era eu que ia levar, aí ficávamos naquela teimosia por alguns segundos. Eu deixava levar a mochila. A vó tinha ficado em casa, assistindo televisão. Não ouviu quando ele chamou. Mas às vezes ela ia. Ficava esperando no carro. Perguntava se eu queria comer logo pela rua. Eu dizia que ia esperar pra ver o que tinha em casa. Perguntava mais cinco vezes. A gente morava há menos de cinco minutos da rodoviária. Ele se aborrecia. Ô, que a Eunice tá demais! Eu dizia que tinha que ter paciência. Depois entendi que ele era a pessoa mais paciente do