Eu sei
Eu sei, eu deveria estar feliz. Eu me peguei segurando as lágrimas porque não achava justo eu chorar. As lágrimas disseram que, se elas caem, há motivo, e quem sou eu pra impedir? Correram na minha face, e os dedos as seguraram e as secaram, acariciaram meu rosto e ofereceram um colo. Eu deixei passar, cantei um pouco, tomei o suco de uvas alcoólico. Seria o choro um efeito das uvas? Meu eu, porém, dizia que não, era um efeito de minha mesma, de não saber lidar com a alegria, de achar que já vinha a tristeza, de saber que o fardo continua nas minhas costas. Eu escolhi carregar um peso nas costas, desde quando me eximi disso? Sempre soube que não seria leve nem fácil o caminho que eu queria percorrer, mas escolhi cada trecho de modo que me guiasse aonde eu queria chegar. E agora, como voltar atrás? Por que voltar? Meus olhos se encolheram e quiseram sair da realidade, fugir, fechar, apagar as memórias, encharcar de água. Todo o sal que se mistura à água e sai tem um motivo, agora foi e