Escutava.

Mas então,
com o copo de cerveja na mão,
disse-me, do modo trôpego de sempre,
aquelas palavras que eu cansara de ouvir
mas que meus ouvidos acolheram bem
pois queriam tanto ser escutadas...
Quis acalentar o pranto que parecia vir com elas
embalar no meu peito
fazer carinho e passar a mão na cabeça,
mas ouvi.
O coração doeu, falou assim,
usando até sentido figurado
A situação não vai bem, eu pensei,
mas calei.
Porque isso é o que eu faço de melhor na vida.
Quis chorar e tomar um pouco da dor pra mim
mas talvez já doía muito em mim,
por isso eu concordava com cada palavra.
Coitado, foi o que eu achei,
com aquela cara de cansado desse viver de dia após dia,
de desencontrar, de desamar...
Mas sentada estava, ali fiquei,
nem chorei como eu queria
nem disse que tudo ia ficar bem
nem dei um abraço forte.
Olhei para os seus olhos
que podiam até estar derramando lágrimas agora
mas sabia que machuca mais por dentro
quando o choro fica preso.
Sabia da sua dor, compreendia, sofria junto
Escutava...

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