Clichê

Eu faço um poema clichê
mais uma, não a última das vezes
para dizer coisas guardadas aqui
na alma, no fundo do coração
para soltar as raízes das dores profundas
que se fincaram nas artérias,
ventrículos e cavidades.

Com palavras repetidas
contando a mesma história
de um amor tão despedaçado e triste
falando esse desperdício de amar.

Tecendo esperanças bobas
de que um dia a caneta vai escrever
sobre alegrias perenes, eternas
não somente a respeito de espaços vazios
cada vez maiores e sombrios.

Imaginando um mundo novo
com uma história mais bela
feliz não só por um dia, mês ou ano
mas por segundos a fio
até que haja cabelos brancos.

Querendo dizer palavras sobre velhinhos
sentados no banco da praça
conseguindo apenas escrever meias verdades
sobre meus olhos marejados e sozinhos
e minhas vogais aleatórias e sempre mais mudas.

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