Construção.
que restava quase nada, mas ainda havia algumas que ela regava quando lembrava. E esquecia... mas gostava tanto de flores, de todas as cores, que não queria deixá-las morrer, ou de fome, ou de sede, - que é quase a mesma coisa quando se trata de seres com pétalas -, mas, muito menos, que caíssem por falta de amor. E as amava, em vez de deixar que seguissem sua vida. Como a gente aprende, elas nascem, crescem, reproduzem-se e morrem. Ora, deixou-as nascer, crescer mais que o natural, reproduziram-se, quer dizer, deram algum fruto, não em seu sentido denotativo, mas, sim, no conotativo, que é aquele que deve ser interpretado com o coração, ou seja, foram úteis, deviam, agora, morrer, pois já cumpriram sua função. Era hora de as pétalas caírem, as folhas murcharem, o caule entortar no sentido do solo, servirem de adubo a qualquer outra coisa, perdão, outro ser. Mas não. Reguei com a lágrima que caia, mesmo salgada. Deixei entrar a luz solar, e suas folhas ficavam verdes, viçosas, as pétalas macias, de infinitas cores. Depois de tanto mau tempo por que passaram, ainda assim, sobreviviam contra as regras de vivência desse tipo de plantas, as quais, sabemos, não duram tanto assim. Certo é que continuariam até o fim dos tempos, quem sabe, pois ainda estavam ali dentro, mesmo depois de terem derrubado os muros.
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