As coisas ainda podem ser boas.

Então, eu comecei da mesma forma que antes, mas deveria começar de outro jeito. Devia dizer aquilo que mudou e o que achei dessa mudança, se queria que assim fosse ou se queria que fosse mesmo daquele outro jeito. Aí vi que as coisas acontecem e que não se tem o destino nas mãos como aquelas ciganas de meio de rua. Vi que o que quer que eu diga não vai fazer com que tudo seja como eu quero e que, como disseste, eu penso demais. E, de vez em quando, eu preciso pensar menos e aceitar mais que nem tudo seja como deve ser, aliás, como eu acho que deve ser. Se o que se busca é realização, liberdade, carinho, amor, que essa busca não seja reprimida. Mas, se o caminho é tortuoso e cheio de pedras e não há um chinelo para calçar, não é de se ter que pensar mesmo se deve ser seguido? E também acho inutilidade pensar e agir de forma contrária, mas o que é que eu posso fazer com pensamentos persistentes, se eles ficam aqui rondando, farejando a mínima manifestação de medo e arrependimento que possa existir?  Porque sempre quis construir uma muralha ao meu redor, mas, na verdade, a cada tijolo que eu botava, me sentia presa e sufocada, foi quando desisti dessa história de construir muros. Foi quando você foi tirando um tijolo aqui, outro ali. E eu me senti mais livre e mais feliz, a ponto de respirar por dias e dias sem nada que me impedisse, de andar sem me esconder, de não ter medo de enfrentar problemas passados. E que motivos eu tenho então de querer criar essa parede me isolando do mundo, se, aqui fora, existem pessoas que nem você, que me fazem acreditar que ainda existem coisas boas, que nem todo mundo é igual, que ainda há quem se importe com palavras bobas ditas à toa, mas que deviam ser meticulosamente escutadas? Que cumpra promessas, mesmo que pela metade, que diga algo e não se contradiga, que pense antes de dizer e que não me julgue por um erro ou não me ache menos digna por isso. Se ainda existem tipos assim, como eu pensava não existir, que ainda seguram a mão sem medo do que isso pode te despertar, mas que não me enganam com isso, eu posso quebrar esses tijolos que ainda restam. E se é que é possível estar mais agradecida que eu estou, diga-me então, que agradeço da forma correta. E não se trata de você ter que me dar a mão durante todo o caminho, mas de que você cumpriu o trato inicial e me fez querer segui-lo. Por isso, pensei em escrever coisas bonitas que dissessem o quanto isso foi importante, mas não acho o jeito certo e as palavras não se encaixam. Por enquanto. Só quero que dê tempo de dizer o que mais eu achei bonito, que não fossem as mãos me guiando pelo caminho, que não fossem as frases me fazendo acreditar de novo. E pode ser que tudo isso seja errado, mas, sendo muito sincera, não me importa mais, porque tudo já mudou de um jeito, assim, como é que se diz? Especial. E não que isso seja muito, é pouco, eu acho, mas é suficiente, por esse tempo. Depois a gente vê se outro adjetivo ou, quem sabe, substantivo, vai precisar ser usado.

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